Lula entra em campo para impedir anistia; Centrão se divide sobre cargos

Lula mobiliza bases contra projeto de perdão

O presidente fez alerta direto durante lançamento do programa Gás do Povo em Belo Horizonte. “Se votar no Congresso, corremos o risco da anistia”, declarou Lula no Aglomerado Vila da Serra. “O Congresso tem ajudado o governo, mas a extrema direita tem muita força ainda”, completou.

A ministra Gleisi Hoffmann reforçou ofensiva em evento realizado em Natal. “A anistia é o presente que o governador Tarcísio quer dar para o Trump”, afirmou a titular da Secretaria de Relações Institucionais. Ela alertou que aprovação seria “vexame internacional” e demonstração de “desrespeito ao STF”.

Proposta alternativa reduz penas sem beneficiar Bolsonaro

O texto preparado por Alcolumbre tramita desde abril na consultoria legislativa do Senado. A minuta passou por Rodrigo Pacheco, ex-presidente da Casa, mas permaneceu engavetada até ressurgimento do debate. A proposta não contempla benefícios diretos ao ex-presidente, contrariando expectativas do Centrão.

A alternativa estabelece redução de penas para participantes dos ataques sem envolvimento em planejamento ou financiamento. Uma ideia discutida com ministros do STF cria novo tipo penal para influenciados por multidão. Atualmente, tentativa de abolição democrática prevê reclusão de 4 a 8 anos, podendo ser reduzida pela metade.

O tema foi debatido há 40 dias com decano Gilmar Mendes, Valdemar Costa Neto e líderes do PL. Desde início do julgamento de Bolsonaro na terça-feira, articulações se intensificaram nos bastidores do poder. Lula recebeu relatórios sobre correlação de forças no almoço com Alcolumbre no Palácio da Alvorada.

Partidos calculam custos de permanência no governo

Federação União-PP decidiu abandonar governo para apoiar Tarcísio, mas ministro Celso Sabino deve pedir licença partidária. Entre apadrinhados de Alcolumbre estão Frederico de Siqueira Filho e Waldez Góes, que permanecerão nos cargos. PSD e Republicanos manterão apoio a Lula apesar de serem base da gestão paulista.

Gilberto Kassab, presidente do PSD, apoia pauta da anistia por Hugo Motta, mas liberará bancada para voto livre. “Quem quer sair do governo, sai, ninguém é obrigado a ficar”, declarou Gleisi Hoffmann. “Mas quem ficar tem que apoiar o presidente Lula”, completou a ministra.

Tarcísio articulou tema em jantar com Sóstenes Cavalcante e pastor Silas Malafaia no Palácio dos Bandeirantes. Hugo Motta tenta equilibrar pressões de governo, oposição e STF. “Ainda estamos ouvindo todos”, desconversou o presidente da Câmara sobre cronograma da votação.

Bolsonaristas rejeitam qualquer solução parcial

Sóstenes criticou interferência do Judiciário na agenda legislativa. “Não é correto que ministro do Supremo interfira para o presidente da Câmara não pautar”, protestou o deputado. “Nós não temos interesse nesse projeto alternativo do Alcolumbre”, declarou.

Flávio Bolsonaro foi categórico sobre posição da família. “Não existe anistia meia bomba”, resumiu o senador em entrevista ao Estadão/Broadcast. “Não tem outra alternativa a não ser uma anistia ampla, geral e irrestrita”, completou.

Aliados de Lula consideraram problemáticas declarações recentes de Luís Roberto Barroso sobre o tema. O presidente do STF disse que depois do julgamento anistia vira “questão política” do Congresso. Barroso esclareceu nesta quinta que “não defendi a ideia de anistia” e “nunca antecipo voto”.

FO presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificou articulações para barrar projeto de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e envolvidos nos atos de 8 de janeiro. A ofensiva conta com aliança estratégica com Davi Alcolumbre, presidente do Senado, que desenvolve proposta alternativa em diálogo com ministros do STF. Em contrapartida, Lula assegurou permanência de todos os indicados por Alcolumbre no governo, contrariando decisão da cúpula da federação União Brasil-PP de entregar cargos.

O ministro Sidônio Palmeira, da Comunicação Social, coordena estratégia que visa associar defensores da anistia aos apoiadores de intervenção americana. O foco principal recai sobre governador Tarcísio de Freitas, que busca beneficiar Bolsonaro para obter endosso presidencial em 2026. Todas as movimentações recentes refletem cálculos eleitorais para próximo pleito nacional.

Fonte: HJur

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